quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Os indígenas estão aqui para ficar!

Material de apoio: prof. Braga Os índios estão aqui para ficar. (Maria Sylvia Porto Alegre) “Uma das maiores conquistas do homem é o reconhecimento da unidade da espécie humana: descendemos todos do Homo sapiens sapiens, surgido há cem mil anos atrás (...). Mais difícil é explicar a diversidade das culturas, entender que os seres humanos encontram soluções diferentes para as mesmas questões básicas. Pois aquilo que caracteriza a humanidade como uma só é exatamente a sua infinita capacidade de diferenciação, a aptidão para inventar costumes e modos de vida, a possibilidade de mudança e continuidade, de acordo com as circunstâncias geográficas, históricas e sociais. As diferentes culturas construídas pelo homem não se dissolvem facilmente, elas são dinâmicas e possuem um incrível potencial de sobrevivência. Quando os europeus conquistaram a América, no século XVI, foram tomados por um profundo sentimento de perplexidade e pelo desejo de obrigar os habitantes do “Novo Mundo” a se tornarem semelhantes ao modelo idealizado de homem ocidental. A negação aos indígenas do direito de existir tal como são é uma das experiências mais dolorosas do nosso passado. Eles sofreram a dominação, as imposições, o extermínio cultural, o genocídio. Foram escravizados e confinados em aldeamentos, cristianizados à força. Perderam a maior parte do território habitado pelos seus ancestrais há pelo menos 12 mil anos antes da chegada de Cabral. Sucumbiram às doenças trazidas pelos brancos e à violência da colonização. Mas também resistiram à incorporação, pegaram em armas, apelaram para as autoridades. Das centenas de pequenos grupos que formavam uma população em torno de cinco milhões de habitantes, a maioria foi extinta antes de findar o domínio colonial. Uma das maiores catástrofes demográficas da humanidade. Porém, numerosos povos indígenas permaneceram vivos até hoje e a população está crescendo: são 305 etnias e 28 comunidades tradicionais reconhecidas no Brasil atual (IBGE, 2022,MMA online), quase a metade pouco conhecida por antropólogos e linguistas. Muitos indígenas realçam suas diferenças e recorrem ao isolamento e ao silêncio, embrenhando-se nas matas. Outros permanecem em seus locais de origem, em intenso contato com a população regional. Absorveram as novidades dos brancos e se transformaram, mas também sua identidade, sua consciência de pertencer a uma origem comum e a memória de uma continuidade de muitos séculos. No Ceará, por exemplo, seis etnias estão identificadas no momento: os Jenipapo Kanindé, os Kariri, os Paiaku, os Pitaguari, os Tapeba e os Tremembé. São os próprios índios, de carne-e-osso, com sua história de sobrevivência em condições tão adversas, com seu esforço de diálogo, que contestam o etnocentrismo, a tendência a considerar o que é diferente de forma negativa e condenável. Temos muito a aprender com eles. Costumamos avaliar de forma positiva apenas as colunas que se desenvolvem num sentido semelhante ao nosso e que podemos compreender, porque são dotadas de significado para nós. Relutamos em admitir a divergência, repudiando as experiências desconhecidas, não compreensíveis pelo sistema de referência que utilizamos. É preciso superar o etnocentrismo, compreender que os índios têm um passado que desconhecemos, um presente que não vemos e uma possibilidade de futuro que não está pré-determinada. É preciso que a sociedade brasileira repare as injustiças cometidas, reconheça os direitos dos povos indígenas, colabore com as demarcações de suas terras, respeite os seus costumes e tradições, entenda que os índios estão aqui para ficar. Não só por eles mas por todos nós e pelas gerações futuras. Neste início de milênio o homem deve saber que a unidade e a diversidade são duas faces da mesma moeda. A sociodiversidade é essencial para a sobrevivência da humanidade e o equilíbrio do planeta. Não podemos aniquilá-la. Pelo contrário, temos que preservá-la como a nossa mais preciosa herança.” Questões: O que é cultura e diversidade cultural? O que é etnocentrismo? Como a autora descreve a conquista da América em seu texto? Quantos indígenas viviam aqui antes de Cabral chegar? Atualmente o número de indígenas está caindo ou crescendo? Quantas etnias indígenas há no Brasil atualmente? Qual a importância da sociodiversidade?

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