domingo, 11 de outubro de 2020

Atividade de Sociologia - As Dimensões da Violência.

 

Sociologia –  O que é Violência?

A violência pode ser entendida como a ação de um indivíduo ou grupo contra uma ou mais pessoas a fim de causar danos. Essa violência pode ser direta, quando atinge imediatamente o corpo da pessoa que a sofre; ou indireta, quando se dá por meio da alteração do ambiente no qual ela se encontra; ou ainda, quando se retiram, destroem ou danificam os recursos materiais. Tanto a forma direta quanto a forma indireta prejudicam a pessoa ou o grupo alvo da violência. Além disso, existe violência quando a ação causa constrangimentos não apenas físicos, mas também psicológicos e morais. Finalmente, é preciso incluir a violência simbólica, que não causa a morte física, mas atenta contra as crenças, a cultura e a própria identidade dos indivíduos que dela são vítimas. Concluindo, entende-se como violência tudo aquilo que não é desejado pelo outro, e que lhe é imposto pela força concreta ou simbólica .


A violência caracteriza as ações humanas não somente no plano das interações entre os indivíduos, mas também nas relações entre grupos; ela pode se dar de forma direta, por meio de agressões propriamente ditas que geram danos físicos,
ou por outros meios que não necessariamente afetam o corpo da pessoa, mas a prejudicam  do ponto de vista moral e psicológico, ou ofendem suas crenças e seus costumes. Além disso, os efeitos da violência podem não ser sentidos ou percebidos imediatamente à sua consecução, mas após algum tempo ou ainda perdurar por muitos anos, como é o caso de pessoas que sofrem sequelas ou ficam traumatizadas após terem sido vítimas de atos violentos.

 

Formas ou Dimensões da violência.

Destacamos aqui três formas ou dimensões da violência: a violência física, a violẽncia psicológica e a violência simbólica.

A dimensão mais imediatamente perceptível da violência contra outro ser humano é aquela que gera danos – permanentes ou não – à sua integridade física. É o que denominamos de violência física. Alguns exemplos são: tapas, empurrões, chutes, mordidas, queimaduras, tentativas de asfixia, de afogamento, de homicídio etc. Boa parte dos atos entendidos como formas de violência física são tipificados como crimes de lesão corporal, isto é, quando ofendem a integridade e a saúde corporal de outra pessoa. Nesse caso, ela pode ser leve ou grave, quando a pessoa: corre perigo de vida; passa a sofrer debilidade permanente de membro, sentido ou função; perde ou fica com um dos membros, sentidos ou funções inutilizados; fica incapacitada para o trabalho; fica deformada; aborta ou é levada ao parto prematuro. No limite, a violência física leva à morte da vítima. Nesse caso, a violência física é tipificada como crime de homicídio. A violência física também pode assumir conotação sexual, quando a pessoa é constrangida a manter relações sexuais contra sua vontade. Nesse caso, é denominada crime de estupro. Embora a lei brasileira interprete o estupro como crime contra os costumes, esse ato não deixa de ser uma forma de violência que afeta profundamente as pessoas em sua personalidade, desrespeitando os direitos humanos, ao ferir a integridade pessoal e o controle do próprio corpo.  

A violência não necessariamente precisa deixar marcas no corpo de uma pessoa. A própria ameaça de violência física gera transtornos de natureza psicológica que constrangem a vítima a adotar comportamentos contra sua vontade ou, ao contrário, privam-na de sua liberdade. Por essa razão, esse tipo de violência é denominada violência psicológica. Alguns exemplos são humilhações, ameaças de agressão, danos propositais ou ameaças de dano a objetos, animais de estimação ou pessoas queridas, privação de liberdade, assédio sexual, entre outros. Porém, nem sempre uma pessoa que sofre de violência psicológica percebe que é vítima. O uso constante de palavrões, expressões depreciativas, manifestações de preconceito, por exemplo, podem levar a tal degradação da autoestima que a pessoa passa a acreditar que ela é a responsável pela violência da qual é vítima.

A percepção ou não da condição de vítima (e, por conseguinte, de agressor) é uma questão fundamental para a compreensão da dimensão simbólica da violência; ou seja, quando as relações de dominação entre grupos sociais encontram-se tão enraizadas e naturalizadas que a violência exercida de uns sobre os outros é vista como uma parte “natural” da ordem social estabelecida. Nesse caso, tanto o grupo social dominado como o dominante (uma vez que compartilham os mesmos instrumentos de conhecimento social da realidade) pensam e se relacionam de modo semelhante, aceitando padrões de comportamento que tendem a reproduzir a dominação e, consequentemente, a violência de uns sobre outros.
Um exemplo de como isso ocorre em nossa sociedade são as relações entre homens e mulheres, nas quais se encontra enraizada a noção de que os homens são mais fortes, e as mulheres, fisicamente mais frágeis. Os comportamentos violentos seriam uma característica “natural” do homem. A dificuldade em encontrar uma definição precisa para essa questão está no fato de que a concepção de violência que temos atualmente nem sempre foi a mesma e a percepção que uma população tem a respeito dela também muda no tempo, conforme a sociedade, o Estado e as instituições responsáveis pela segurança se organizam para controlá-la. Além disso, as leis, ou seja, as normas e as regras que regulam as relações entre os indivíduos no interior de uma sociedade, também se modificam histórica e culturalmente. Desse ponto de vista, o que é considerado uma forma de violência contra a pessoa, em um determinado país ou cultura, pode não ser em outra, e vice-versa. Um exemplo é o caso da pena de morte.  Alguns países preveem em sua Constituição a pena de morte, enquanto outros, como o Brasil, não. Em uma mesma sociedade, diferenças regionais, sociais, econômicas e culturais contribuem para modificar as percepções sobre a violência. Por essa razão, é importante enfatizar que nada pode ser considerado “normal” ou “natural” apenas porque hoje a violência faz parte do nosso cotidiano, em maior ou menor grau; é preciso sempre adotar um olhar de distanciamento em relação ao fenômeno social da violência e uma postura reflexiva e crítica quanto aos seus efeitos e consequências para a sociedade como um todo.

Questões da atividade:
1 – O que é violência?
2 – Quais são as formas ou dimensões da violência?
3 – Segundo o texto o que é violência simbólica?


Pode ser respondido em: jamaral@prof.educacao.sp.gov.br



Para melhor compreensão do que é violência, sugerimos a leitura dos seguintes livros:
ARENDT; Hannah. Sobre a violência. 3. ed. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 2001.
FOUCAULT; Michel. Vigiar e punir: a história da violência nas prisões. Petrópolis: Vozes, 1997.
MAFFESOLI; Michel. Dinâmica da violência. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1987.
MARRA; Célia Auxiliadora dos Santos. Violência Escolar: a percepção dos atores escolares e a repercussão no
cotidiano da escola. São Paulo: Annablume, 2007.
MICHAUD; Yves. A violência. São Paulo: Ed. Ática, 1989.
VELHO; Gilberto. Violência, reciprocidade e desigualdade. In: VELHO; Gilberto e ALVITO; Marcos (Orgs.).
Cidadania e violência. Rio de Janeiro: UFRJ/FGV, 1996. p.10-23.
Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola

 

 

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