E.E.
Dr. Tolentino Miraglia - Sociologia. 3ªsérie.
Os
movimentos operário e sindical no Brasil.
Vocês conhecem algum sindicato?
O
sindicato é um tipo de organização que não representa apenas
trabalhadores, mas também empregadores.
Sindicato:
associação, para fins de estudo, defesa e coordenação de seus
interesses econômicos e/ou profissionais, de todos os que (na
qualidade de empregados, empregadores, agentes ou trabalhadores
autônomos ou profissionais liberais) exerçam a mesma atividade ou
atividades similares ou conexas.Dicionário Houaiss da Língua
Portuguesa. (edição eletrônica). Rio de Janeiro: Objetiva, 2007.
O
movimento operário
Diferentemente
do que ocorreu na Inglaterra, a formação de uma classe trabalhadora
industrial urbana ocorreu bem mais tarde, no Brasil do que nos países
europeus, devido ao fato de que, até a vinda da Corte portuguesa, a
instalação de qualquer tipo de indústria manufatureira era
proibida na colônia. Isso porque Portugal desejava deter o monopólio
da comercialização de produtos manufaturados para o Brasil. Desse
modo, até 1808, a maior parte das ferramentas, dos tecidos, dos
armamentos, munições, cerâmicas, livros, entre outras coisas,
vinha de Portugal. Após a vinda da Corte, com a abertura dos portos
para as nações amigas, o Brasil passou a comprar produtos da
Inglaterra, e o consumo se diversificou. Porém, a entrada maciça de
artigos ingleses no mercado brasileiro dificultou muito o surgimento
de uma indústria nacional, pois não havia como competir em
quantidade e variedade.
O
interesse no desenvolvimento industrial só foi possível a partir de
1850, quando o tráfico de escravos foi proibido. Isso gerou demanda
por mão de obra e estimulou a entrada de um número significativo de
imigrantes estrangeiros, que viriam ajudar a formar a classe operária
assalariada. Inicialmente, as condições de trabalho dos operários
de fábrica eram tão ruins quanto as que analisamos no caso da
Inglaterra: homens, mulheres e crianças trabalhavam longas horas,
sem direito a férias, indenização por acidentes de trabalho ou
qualquer tipo de proteção por parte do Estado. A maior parte dessas
pessoas trabalhava em fábricas nos principais centros urbanos, na
virada do século XIX para o XX, no Rio de Janeiro e em São Paulo.
No
início dos anos 1920, a classe operária brasileira ainda era
pequena e se formara recentemente,
não
chegando a 300 mil pessoas. Internamente, porém, já podia ser
considerada diversificada, tanto do ponto de vista social, quanto
político. No Rio de Janeiro, por exemplo, a industrialização era
mais antiga e o perfil do operariado tendia a ser mais nacionalizado.
Segundo José Murilo de Carvalho, havia, contudo, uma presença
expressiva de portugueses, cuja cultura e tradição não eram muito
diferentes da brasileira, e de operários do Estado e membros da
população negra, incluindo ex-escravos. Comparativamente, em São
Paulo, a maior parte dos operários era de imigrantes, especialmente
italianos e espanhóis, e a presença de empresas públicas e do
operariado do Estado era pequena.
A
mistura de operários, de origens diversas, gerou comportamentos
políticos diferentes nas duas cidades. Dependendo do setor ao qual o
operariado estava ligado, mudava também a sua relação com o
Estado. A presença de imigrantes estrangeiros trouxe muitas ideias
vigentes no contexto europeu para o movimento operário no Brasil, e
essas ideias influenciaram a formação de movimentos diferentes e,
muitas vezes, antagônicos. É possível identificar, nas duas
primeiras décadas do século XX, pelo menos quatro grandes grupos de
interesse no interior do movimento operário.
Tendências
políticas: “Amarelos”ou reformistas; Anarquistas; Comunistas e
socialistas.
“Amarelos”ou
reformistas: Eram os setores menos agressivos, mais próximos do
governo. Ainda que buscassem a melhoria das condições de trabalho e
de vida para os trabalhadores, não se opunham à ordem estabelecida,
mantendo assim uma relação “clientelista” com seus
empregadores.
Anarquistas:
Constituíam os setores mais radicais, que rejeitavam qualquer
relação com o Estado e com a política, bem como os partidos, o
Congresso e mesmo a ideia de pátria. Para os anarquistas, o Estado
ou qualquer outra instituição autoritária hierarquicamente
superior era considerado dispensável e até mesmo nocivo para o
estabelecimento de uma comunidade humana autêntica. Dessa forma,
também eram contra qualquer forma de organização ou dominação
patronal.
Comunistas:
Organizados oficialmente em 1922, defendiam a tomada do poder por
meio da revolução. A causa operária dos comunistas era lutar
contra o sistema capitalista, substituindo o controle do Estado pelo
partido, centralizado e hierarquizado, até que pudesse ser criada
uma sociedade sem classes, onde a propriedade privada seria abolida e
os meios de produção seriam de todos. Desse modo, o Estado se
tornaria desnecessário e posteriormente deixaria de existir.
Socialistas:
Menos radicais que os anarquistas e comunistas, acreditavam que
podiam fazer avançar os interesses da classe operária por meio da
luta política, ou seja, da conquista e do exercício dos direitos
políticos.
Questões:
1
- O que é sindicato? Eles representam só os trabalhadores?
2
- Na formação do sindicatos no Brasil quais eram as tendências
políticas e entre elas qual a mais radical e a mais conservadora?
Pode ser respondido em: jamaral@prof.educacao.sp.gov.br