segunda-feira, 27 de julho de 2020

Atividade de Sociologia 1º ano - Determinismo Biológico.

 

 
O determinismo biológico

Leitura e análise de texto.
Outra linha de pensamento que procura explicar o que diferencia um ser humano do outro é a do determinismo biológico, segundo a qual as diferenças genéticas determinam as diferenças culturais. Essa é a velha história de que “o homem é o que é, pois isso estaria no sangue”, ou seja, todas as diferenças entre duas pessoas seriam estabelecidas por meio dos nossos genes. A partir desse tipo de raciocínio, cria-se uma série de estereótipos, tais como: os judeus e os árabes nascem para negociar; os alemães são bons de cálculo; os norte-americanos são todos empreendedores etc. E a justificativa é a de que isso estaria no sangue.

Mas isso é um grande engano, por várias razões. A primeira razão é dada pelos avanços dos estudos genéticos que mostraram que os seres humanos são muito parecidos e muito diferentes entre si do ponto de vista genético. Em termos da porcentagem total de material genético, a variação genética entre dois seres humanos é inferior a 1%. Entretanto, se verificarmos em números, será possível observar que há milhões de diferenças no código genético entre dois indivíduos escolhidos ao acaso. Ou seja, apesar de sermos muito parecidos em termos relativos (uma diferença menor do que 1%), em termos absolutos, isto é, considerando o número de diferenças genéticas, somos muito diferentes (milhões de diferenças entre dois indivíduos). Em outras palavras, milhões dessas diferenças genéticas representam menos de 1% do total do código genético, não importando a origem geográfica ou étnica deles. No entanto, mais de 90% dessa variação ocorre entre indivíduos e menos de 10% ocorre entre grupos étnicos (“raças”) diferentes, mais um argumento para o fato de que há apenas uma raça de Homo sapiens: a raça humana!
Com base em tais informações, é possível dizer que cada um de nós é um ser humano único e tão diferente de outro ser humano que procurar juntar as pessoas para formar grupos distintos (por exemplo, “raças humanas”) não faz sentido.  Não existem diferenças suficientes entre os grupos humanos para permitir separar ou juntar os seres humanos em “raças”. As diferenças visualizadas entre populações de continentes distintos são muito pequenas e superficiais, não se refletindo no genoma (constituição genética total de uma pessoa). Mas, mesmo assim, há aquelas velhas questões: Se isso é verdade, por que tantos portugueses são padeiros?
Por que tantos descendentes de árabes são comerciantes?  Isso não está mesmo no sangue? Se isso fosse verdade, então Portugal seria um país de padeiros e em todos os lugares onde os portugueses fossem morar eles seriam padeiros. E isso não acontece.
Se aqui há muitos descendentes de portugueses que são padeiros, isso se deve ao fato de que essa foi uma profissão em que vários imigrantes se destacaram, e que eles a ensinaram a outros imigrantes, mas não porque estava no sangue deles ser padeiro. O pão é um alimento de consumo em todas as regiões do mundo, mas isso não quer dizer que só os portugueses façam pão, ou que o façam melhor do que outros povos. Há padeiros chineses, malaios, indianos, botsuanos, alemães, franceses, gregos, espanhóis, russos, chilenos, bolivianos, argentinos, holandeses, japoneses, australianos, moçambicanos etc. E não só portugueses. Há padeiros em todas as sociedades, em todas as culturas. E, se há portugueses em todos esses lugares citados, isso não significa que eles sejam padeiros. Em outras regiões do mundo, eles podem ter se especializado em outras profissões. Logo, é equivocado achar que profissões tenham uma determinação biológica e que exista o determinismo biológico.
Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola.


Questões:
1 -Com base na discussão realizada em sala de aula, nas explicações de seu professor e na leitura do texto apresentado, responda: O que é o determinismo biológico e por que essa é uma postura que deve ser evitada?
2 – Segundo o texto, é possível dividir os seres humanos em raças?

Atividade de Sociologia - Divisão Social do Trabalho.

E. E. Dr. Tolentino Miraglia .

DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO

Leitura e análise de texto
A divisão do trabalho existiu em todas as sociedades, desde o momento em que os seres humanos começaram a trocar coisas e produtos, criando uma interdependência entre si.
Assim, o artesão troca o produto de seu trabalho, o tecido, pelo algodão, cultivado pelo agricultor. A base da troca está na necessidade que o indivíduo tem de produtos que ele não produz. A divisão do trabalho deriva, portanto, do caráter específico do trabalho humano e ocorre quando os seres humanos, na vida em sociedade, dividem entre si as diferentes especialidades e ofícios. A divisão do trabalho em ofícios ou especialidades existiu em todas as sociedades conhecidas e um dos seus principais fatores é a divisão sexual do trabalho. Ou seja, havia uma divisão entre especialidades ou ofícios preferencialmente atribuídos às mulheres e outros preferencialmente atribuídos aos homens.  Em diversas sociedades indígenas, até hoje, há uma divisão sexual do trabalho, isto é, há trabalhos que são exercidos por homens e outros que só são exercidos por mulheres, nessas sociedades a caça é um trabalho masculino, o plantio e a colheita são trabalhos femininos.

Émile Durkheim e a Divisão Social do Trabalho
Para Durkheim (1858-1917) , os princípios da divisão do trabalho são mais morais do que econômicos. São os fatores que unem os indivíduos numa sociedade, pois geram um sentimento de solidariedade entre aqueles que realizam as mesmas funções.

A manufatura se estendeu de meados do século XVI ao último terço do século XVIII, sendo substituída pela grande indústria. Na manufatura, foram introduzidas algumas inovações técnicas que modificaram a forma como o trabalho era organizado. Aos poucos, o trabalhador foi deixando de ser responsável pela produção integral de determinado objeto e passou a se dedicar unicamente a uma atividade. A divisão do trabalho foi acelerada, fazendo que um produto deixasse de ser obra de um único trabalhador e se tornasse o resultado da atividade de inúmeros trabalhadores. Dessa maneira, o produto passava por vários trabalhadores, cada um acrescentando alguma coisa a ele e, no final do processo, o produto era o resultado não de um trabalhador individual, mas de um trabalhador coletivo. Essa é a divisão do trabalho que persiste na sociedade capitalista, e que se caracteriza pela especialização das funções, ou seja, pela especialização do trabalhador na execução de uma mesma e única tarefa, especializando também o seu corpo nessa operação. Na divisão manufatureira do trabalho, o ser humano é levado a desenvolver apenas uma habilidade parcial, limitando o conjunto de habilidades e capacidades produtivas que possuía quando era artesão. É isso que torna o trabalhador dependente e o faz vender a sua força de trabalho; e esta só serve quando comprada pelo capital e posta a funcionar no interior da oficina. Segundo Karl Marx, essa divisão do trabalho tinha como objetivo o aumento da produtividade e o aperfeiçoamento do método do trabalho e teve como resultado o que ele chama de “a virtuosidade do trabalhador mutilado” 1 , com a especialização dos ofícios. Na manufatura, portanto, a produtividade do trabalho dependia da habilidade (virtuosidade) do trabalhador e da perfeição de suas ferramentas, e já havia o uso esporádico de máquinas. Foi apenas com o surgimento da grande indústria que a máquina passou a desempenhar um papel fundamental, primeiro, com base na mecânica, depois, na eletrônica e, atualmente, na microeletrônica.
Marx utiliza o termo “mutilado” para enfatizar a limitação das habilidades do trabalhador, reduzido ao exercício de uma única e repetitiva atividade.
Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola.

Questões:

1- O que é divisão do trabalho para Durkheim?
2- Para Marx como se caracteriza a divisão do trabalho na sociedade capitalista?
3- Nas sociedades indígenas, citadas no texto, como se dá a divisão do trabalho?

Atividade de Sociologia 3º ano - Movimento Negro - Parte II.

            
E. E. Dr. Domingos de Magalhães.
O Movimento negro (Parte 2)

Durante o Estado Novo houve muita repressão política e pouca possibilidade de movimentação, contestação ou reivindicação por parte dos movimentos negros organizados até 1937. A partir de meados da década de 1940, entretanto, novas manifestações começam a surgir. Artistas, intelectuais e ativistas negros e brancos, que lutavam contra representações racistas do negro, fundaram, em 1945, o Teatro Experimental do Negro (TEN), contra a prática do blackface, ainda corrente nos palcos e telas brasileiras. A integração do negro na sociedade brasileira, de fato, sempre foi mais simbólica do que real. “Reverenciado como um dos elementos da nacionalidade, cotidianamente o negro convivia com o preconceito e a detração da sua imagem. As denúncias de racismo eram tão constantes que o país da democracia racial aprovou, nos anos 1950, uma lei para punir os casos de discriminação e preconceito racial. Trata-se da Lei n o 7.437, conhecida como Lei Afonso Arinos, criada em 3 de julho de 1951.” CARVALHO, Noel dos Santos. O cinema em negro em branco. In: SOUZA, Edileuza Penha de. Negritude, cinema e educação. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2006. p. 20.
Itaú Cultural apresenta Ocupação Abdias Nascimento - Mundo Negro
Abdias Nascimento (1914-2011): uma das principais lideranças do movimento negro, criou o Teatro Experimental do Negro, foi curador do Museu de Arte Negra. Atuou no movimento pan-africanista mundial; fundou o Instituto de Pesquisa e Estudos Afro-Brasileiros (IPEAFRO). Como senador e deputado federal, apresentou as primeiras propostas de legislação antirracista. No Governo do Estado do Rio de Janeiro, foi titular de duas secretarias: - Defesa e Promoção das Populações Afro-Brasileiras; Direitos Humanos e Cidadania. A partir da década de 1970, os movimentos negros realizaram ampla revisão dos movimentos passados, da percepção e da crítica à sociedade brasileira. Dessa revisão surge uma importante ruptura, que deu um novo enfoque ao movimento: não bastava fazer parte do mercado de trabalho, mas mudar as relações de trabalho. Nessa perspectiva, um ponto fundamental passou a ser discutido: o conflito social entre classes, intercalado à questão racial. Desse modo, surgiu no interior do movimento negro uma tendência socialista, que deu um novo impulso e teve como base uma crítica histórica à formação e expansão do capitalismo no Brasil. Foi na década de 1970 que os movimentos negros emergiram em sua vertente mais moderna, construída em uma perspectiva de luta, a partir de um intenso trabalho de revisão histórica do país e de reavaliação dos movimentos passados, produzindo uma perspectiva sociológica. A partir desse momento, a cultura negra e os fatores positivos ligados ao modo de vida considerados “próprios” ao negro passaram a ser intensamente valorizados e divulgados. Isso foi resultado de movimentos negros externos, especialmente o norte-americano, que tiveram muita influência no Brasil, e também do desenvolvimento da comunicação de massa, principalmente o rádio e a televisão. Porém é importante lembrar que, nos anos 1970, o contexto de forte repressão política da ditadura militar dificultava a organização e a manifestação pública e democrática desses grupos. A questão da raça ainda não era reconhecida pelo movimento sindical, tampouco pelos partidos políticos, de modo que a tendência foi levar o debate para a questão cultural, valorizando a cultura negra, em vez de colocar em discussão o problema da discriminação com base na cor.

Em 1978 foi fundado o Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial (MNUCDR) e o Movimento Negro Unificado, (MNU), que elaboraram uma ampla agenda, na qual a democracia passava necessariamente pela luta contra o racismo. No início dos anos 1980, a partir da reabertura democrática, com a possibilidade de criação de novos partidos políticos, as relações raciais reapareceram como uma questão pendente na democracia brasileira. Desse modo, os partidos políticos procuraram englobar em suas ações e propostas as reivindicações dos movimentos negros. Ao longo das décadas, o movimento negro tem tido muito êxito na ampliação de seus direitos e do espaço de sua cidadania. O fato de que o artigo 5o da Constituição Federal de 1988 defina o racismo e qualquer outra forma de discriminação como crime foi uma conquista devida, em grande parte, à militância negra. Esse dispositivo constitucional garante a igualdade entre brancos e negros na medida em que proíbe o critério de raça como forma de avaliar, qualificar ou diferenciar um cidadão em prejuízo do mesmo. Porém, o preconceito e a discriminação com base na cor da pele ainda são uma realidade vigente em nosso país. Por essa razão, a importância dos movimentos negros permanece atual e relevante enquanto forma de participação política desta categoria social em nossa sociedade.

Questões:
1-Quem foi Abdias Nascimento?
2-O que define o artigo 5º da atual Constituição?
3- O que o Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial (MNUCDR) e o Movimento Negro Unificado, (MNU), elaboraram para combater o racismo no Brasil?

segunda-feira, 20 de julho de 2020

Atividade de Sociologia 1ºano - Determinismo Geográfico.



POR QUE SOMOS DIFERENTES?
Se quase nada é natural no ser humano, outra questão apresenta-se para nós:
Por que somos diferentes?
Na maioria das vezes o senso comum acredita que a diferença é fruto do meio físico e/ou de fatores biológicos. Os que acreditam que a diferença ocorre por conta do meio físico são os adeptos do determinismo geográfico e os que dizem que é uma questão biológica são adeptos do determinismo biológico. Ambas são posturas ou explicações a ser evitadas.
O determinismo geográfico pode ser definido como a postura segundo a qual se acredita que as diferenças de ambiente físico condicionam totalmente a diversidade cultural. Ou seja, segundo essa postura, os homens são diferentes, pois habitam áreas geográficas diferentes: umas mais frias, outras mais quentes, umas mais próximas ao mar, outras altas etc. Para os adeptos dessa postura, o meio físico condiciona totalmente o comportamento do homem. Assim, acreditam, por exemplo, que pessoas que moram em regiões quentes são mais preguiçosas, por conta do calor, entre outros preconceitos.
A antropologia mostrou que existem limites para a influência do ambiente físico em uma determinada cultura. Ou seja, o meio físico pode influenciar o homem e seus costumes, mas não o condiciona totalmente. Os hábitos, costumes e conteúdos simbólicos da vida de um povo podem sofrer influência do meio físico. Existem elementos em nossa cultura que são influenciados pelo meio, como, por exemplo, a maior parte das nossas roupas. Elas são adaptadas ao nosso clima. Ou, ainda, o fato de nos alimentarmos de mandioca, que é uma raiz que constitui a base da alimentação em muitas regiões do Brasil. Em países de clima mais frio é comum que as casas tenham sistema de aquecimento central, para que as pessoas não sofram com as baixas temperaturas, e que elas se alimentem de vegetais que se desenvolvem em temperatura mais baixa do que aquela aqui encontrada. (Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola).
Os países escandinavos: Suécia, Noruega, Finlândia e Dinamarca. Suécia, Noruega e Finlândia são os países que compõem a Península Escandinava e a Dinamarca fica na Jutlândia. Eles têm o mesmo clima, e um relevo muito parecido, assim como a flora e a fauna. Mesmo assim, possuem culturas diferentes e línguas diferentes: há o sueco, o dinamarquês, o finlandês e o norueguês. Se fosse verdade que o meio físico condiciona totalmente o comportamento dos seres humanos, só haveria uma cultura na Península Escandinava, e não é o que acontece.
Por que isso ocorre?
Porque, ao contrário do que acreditam os adeptos do determinismo geográfico, o meio físico não influencia totalmente a cultura. Na verdade, há limites para a influência do meio físico sobre a cultura. Esses limites são dados pelos interesses de cada cultura.
Toda cultura age seletivamente em relação ao meio físico em que ela se desenvolve e, por isso, existem elementos culturais que, apesar de aceitos, não estão de acordo com o meio geográfico. Um exemplo notório é o uso do terno e gravata em um país quente como é o Brasil na maioria dos meses do ano. Essa roupa é adequada aos países de clima temperado, mas totalmente inadequada, na maior parte do ano, ao clima do nosso país.
Mesmo assim, os homens, seja por razões de trabalho, seja porque têm de comparecer a um determinado evento social, muitas vezes usam terno e gravata. Por que eles fazem isso? Não é porque essa roupa seja adequada ao nosso clima, mas, sim, porque ela tem um significado cultural. Trata-se do exemplo de uma vestimenta mais formal. Ela proporciona certo status social para quem a veste, pois não é uma roupa barata.
Se o meio físico influenciasse totalmente as culturas, como querem acreditar os adeptos do determinismo geográfico, os homens usariam roupas adequadas ao nosso clima.
Isso também pode ser refletido na nossa alimentação. Existem animais que habitam o Brasil e outros países, como a China, o Camboja, a Tailândia, o Vietnã e o México, por exemplo. Mas isso não significa que eles sejam considerados passíveis de servir como alimento aqui e lá. É o caso, por exemplo, do rato. No Brasil, é praticamente impensável para uma pessoa se alimentar da carne de ratos. Já na China, no Camboja, no Vietnã e na Tailândia eles são normalmente consumidos como alimento. Na Tailândia também é comum comer espetos de certas larvas na rua, assim como aqui se come churrasco. Há ainda o caso do México: lá é possível comer tacos (prato típico mexicano feito de farinha de milho, parecido com uma panqueca, com vários tipos de recheios e molhos) recheados com certo tipo de grilo comestível. Se o determinismo geográfico realmente existisse, nós nos alimentaríamos igualmente desses animais também existentes em nosso território. (Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola).
Questões:
1- O que é determinismo geográfico?
2 – Segundo o texto, o meio físico condiciona totalmente nossa cultura?

Atividade de Sociologia 2ºano - Relações de Trabalho e Períodos Históricos


              
E. E. Dr. Domingos de Magalhães.

O trabalho livre sucedeu historicamente a outras formas de trabalho, como a escravidão e a servidão. Na Grécia Antiga, o trabalho era uma atividade exercida pelos escravos. Na Idade Média, as pessoas trabalhavam nos campos, ligadas a um senhor feudal, ou moravam nos burgos e eram artesãos. Em todos esses momentos da história, as pessoas executavam algum trabalho, mas não tinham emprego. O emprego só se dissemina com o capitalismo. Nele o trabalhador vende a sua força de trabalho (física ou mental) em troca de um salário. Ao conseguir o emprego, o trabalhador assina um contrato de trabalho que especifica suas funções. Ao contrário do que ocorria na Antiguidade, em que os escravos eram uma propriedade, e na Idade Média, em que os trabalhadores eram servos presos à terra do senhor feudal, no capitalismo os trabalhadores são livres para procurar outras condições de trabalho em um novo emprego. (Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola).

Período Histórico
Relação de Trabalho
Sistema econômico e social
Idade Primitiva (Pré-Hist.)
trabalho primitivo
Primitivismo (sem sistema)
Idade Antiga
trabalho escravo
Escravismo
Idade Média
trabalho servil
Feudalismo
Idade Moderna
trabalho mercantil (transição)
Mercantilismo (transição)
Idade Contemporânea
trabalho assalariado
Capitalismo
O esfacelamento do mundo feudal consistiu em um longo processo, no qual as velhas formas de trabalho artesanal foram sendo substituídas pelo trabalho em domicílio, a partir do campo, produzindo para as indústrias em desenvolvimento nas cidades. O crescimento da população expulsa do campo, incapacitada de produzir tudo aquilo de que necessitava para sobreviver (os seus meios de vida), fez com que a procura por esses bens aumentasse. Assim, durante o século XIV, foram desenvolvidas as indústrias rurais em domicílio, como forma de aumentar a produção. Os comerciantes distribuíam a matéria-prima nas casas dos camponeses e ali era executada uma parte ou a totalidade do trabalho. Essas indústrias representaram uma forma de transição entre o artesanato e a manufatura, e permitiram a acumulação de capital nas mãos desses comerciantes, além de formar mão de obra para o trabalho industrial nas cidades.
A liberdade no capitalismo para muitos dos trabalhadores é relativa, uma vez que a grande maioria não pode escolher quem, quando, e, muitas vezes, onde procurar emprego. Mas o significado mais importante do trabalho livre ou da liberdade do trabalhador é dado pelo fato de que, com o esfacelamento do sistema feudal de produção, o servo libertou-se das amarras que o prendiam ao senhor feudal, mas perdeu o acesso aos meios de produção: terra, matéria-prima, instrumentos de trabalho. Então, passou a dispor de uma única propriedade – a sua força de trabalho.
A produção capitalista pressupõe, como já vimos, a existência do trabalho livre, e não a servidão e a escravidão. O trabalhador é livre, isto é, não dispõe dos meios de trabalho e de vida, portanto é livre para vender a única propriedade de que dispõe, a sua força de trabalho. O trabalhador, por conseguinte, submete-se ao domínio do capital, aceitando suas imposições e determinações. É o capital que assume a função de dirigir, de supervisionar. Esse domínio do capital sobre o processo de trabalho se impõe, na medida em que o objetivo, o motivo que impele e direciona todo o processo de produção capitalista, é a expansão do próprio capital, a maior produção de mais-valia e, portanto, a maior exploração possível da força de trabalho.
Mais-valia: O comprador da força de trabalho ou da capacidade de trabalho não se limita a usá-la somente durante o tempo necessário para repor o valor da força de trabalho, mas, sim, durante um tempo além dele, quando o trabalhador produzirá, então, um valor excedente, ou uma mais-valia, da qual o capitalista se apropria.
A dominação do capital sobre o trabalho tem o objetivo de garantir a exploração do processo de trabalho social. Com isso, a dominação tem como condição o antagonismo inevitável entre o capitalista e o trabalhador. Com o próprio desenvolvimento da produção capitalista, esse controle assume formas peculiares. O capitalista se desfaz da supervisão direta e contínua e a entrega a um tipo especial de assalariado que passa a exercer a função exclusiva de supervisão, com os seus oficiais superiores (os diretores, os gerentes) e os suboficiais (contramestres, inspetores, capatazes etc.). Surge então uma hierarquia de comando que tem como objetivo impor a disciplina no interior da empresa. A disciplina tem como resultado, para o capital, o aumento da produtividade, mas da perspectiva do trabalho ela introduz uma série de regras de procedimento, uma hierarquia interna que, além de separar os indivíduos segundo a sua atividade, introduz também o controle político de uns sobre outros. Não se pode, portanto, discutir a questão da disciplina sem relacioná-la com o poder. Ou seja, trata-se de perceber como no interior da empresa é estabelecido um sistema de dominação em que os que detêm os meios de produção, ou o representam, têm o poder.

(Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola).


Questões:
1 – qual é o objetivo, segundo o texto, da dominação do capital sobre o trabalho.

2 – O que é mais-valia?

3 – Qual é a relação de trabalho, existente na antiguidade (idade antiga), na idade média e atualmente? Quais os respectivos sistemas econômicos e sociais de cada período histórico?(Tabela)

Atividade de Sociologia 3ºano - Movimento Negro.


 
            
E. E. Dr. Domingos de Magalhães

Tommie Smith, símbolo da luta contra o racismo, completa 76 anos

O Movimento Negro
    Desde antes da Abolição houve vários “movimentos negros”, que se orientaram por
diferentes linhas de pensamento e tiveram objetivos diferentes, segundo a época e o contexto
social e político em que emergiram. O que os aproxima entre si são duas questões fundamentais, que permeiam a história das lutas de seus militantes pelos direitos de cidadania da população negra no Brasil: a luta contra a discriminação com base na cor da pele e a reivindicação
por maiores espaços de integração em todos os âmbitos da sociedade nos quais sua participação
se deu em condições de desigualdade: mercado de trabalho, educação superior, meios de comunicação, cinema, televisão, propaganda etc.
O movimento negro pode ser classificado em três fases distintas:
-  Movimentos abolicionistas e de libertação.
-  Movimentos de integração na sociedade de classe.
-  Movimentos de perspectiva socialista.
    Os movimentos abolicionistas incluem um conjunto de movimentos que contribuíram por meio de suas ações para a abolição da escravatura. Muitos desses movimentos eram formados por ex-escravos libertos ou fugidos. Após a Guerra do Paraguai, quando todos os negros que lutaram no Exército foram alforriados, o número de libertos aumentou, intensificando a participação nessas organizações. Logo após a Abolição da Escravidão, em 1888, tiveram início os chamados movimentos negros “pós-abolicionistas”, que se organizaram,com o objetivo de lutar pela República, reunir a população negra e, em alguns casos, reivindicar o movimento abolicionista como uma conquista popular, recusando a importância da princesa Isabel na promulgação da Lei Áurea. Algumas dessas organizações, como a Irmandade do Rosário dos Homens Pretos, de São Paulo, datam de 1720.
    “As raízes dos movimentos negros do pós-abolicionismo antecedem, portanto, a esta, sobretudo se considerarmos um conjunto amplo de associações, irmandades religiosas, organizações de ajuda mútua, centros de candomblé e outras que foram fundadas antes da abolição e exerceram um papel importante e sistemático de aglutinação, reunião e organização de nossa gente. Este conjunto teve finalidades diversas, indo da ajuda mútua à educação, passando sempre pela questão da resistência e combate ao racismo, através de formas passivas ou violentas.” CUNHA JR., Henrique. Textos para o movimento negro. São Paulo: Edicon, 1992. p. 71.
    Depois da Abolição, o mercado de trabalho brasileiro gradualmente passou pelo processo de
modernização e industrialização. Com a entrada maciça de imigrantes estrangeiros, os negros passaram a competir por postos de trabalho na indústria, nos portos, nas ferrovias. Porém, é importante enfatizar que as populações negras continuaram a ocupar, especialmente nas áreas da construção, transporte, comércio e serviços, as mesmas profissões que detinham no tempo da escravidão. Apesar do esforço para se adaptar às novas formas de trabalho, os negros encontraram dificuldades de aceitação em determinados locais, e também a recusa de pagamento de salá rios, trocando trabalho por casa e comida. Para se ter um exemplo concreto, aos negros era interditada a interpretação de papéis no cinema. No início do século XX, os papéis de personagens negros eram interpretados por atores brancos, pintados de preto. A técnica
chamava-se blackface.
    “Sua prática revela a essência do preconceito racial, pois nele um grupo étnico (branco)
constrói representações de outro grupo étnico (negro) baseado nos seus próprios valores e
visão de mundo (preconceitos).” CARVALHO, Noel dos Santos. O cinema em negro
em branco In: SOUZA, Edileuza Penha de. Negritude, cinema e educação. Belo Horizonte:
Mazza Edições, 2006. p. 18.
    Cerca de vinte anos após a Abolição, surge um tipo de organização baseado na constituição de clubes, com nomes como José do Patrocínio, Abolicionistas, 13 de Maio, Princesa Isabel, que lutavam contra o racismo e as barreiras sociais baseadas na cor. Esses movimentos foram influenciados pelo movimento operário anarquista, socialista e comunista. Nessa época também surgiram diversos jornais, como o Getúlio, em Campinas (SP), e o Clarim da Alvorada, em São Paulo, especificamente ligados aos movimentos negros. Nos dias 13 de maio e 26 de setembro, militantes organizavam protestos e realizavam discursos buscando conscientizar a população. A partir da década de 1930 observa-se uma divisão interna no movimento, com a formação da Frente Negra, fundada em setembro de 1931 e responsável pela reunião de um número considerável de participantes em diferentes cidades e Estados. Dada a amplitude do movimento, e as características dos seus integrantes nos diversos locais, a Frente Negra também apresentava tendências diversas dependendo da sua base de organização. Em São Paulo, era constituída de funcionários públicos e empregados no setor de serviços e domésticos, apresentando tendências políticas integralistas. Mesmo com essas divergências, a Frente Negra foi um movimento que cresceu em importância política e número de membros, chegando a se propor como um partido político até ser fechada pela ditadura Vargas, com a implantação do Estado Novo, em 1937.

Questões:
1 - Quais foram as fases do movimento negro?
2 - Qual era o objetivo do movimento negro pós-abolicionistas
3 - Na sua opinião como acabar com o racismo no Brasil?

domingo, 12 de julho de 2020

Atividade de Sociologia 3ºano - Feminismo II

       
E.E.Dr. Domingos de Magalhães.


A luta por direitosO Movimento feminista II.


A luta por direitos é uma luta pela democracia, e esta deve sempre ser entendida como
processo em construção.

O caráter das relações de gênero é cultural e histórico e, portanto, não é natural.
Agora é o momento de trabalhar com a turma como se deu esta luta que ainda não terminou.
O Iluminismo do século XVIII afirmava a igualdade de direitos. Isso muitas vezes não era estendido para as mulheres. Muitos autores do Iluminismo acreditavam em direitos iguais apenas para os homens. Porém, muitas foram as mulheres que contribuíram ativamente para o sucesso da Revolução Francesa nos seus momentos iniciais e que acreditavam que seus ideais deveriam ser estendidos a todos. Mesmo assim, em 1793, elas foram proibidas de exercer qualquer participação política e tiveram de voltar à vida doméstica (PINSKY; PEDRO, 2003, p. 269).
Durante o século XIX predominou a ideia de que as esposas deveriam ficar em casa. Para a
população mais pobre isso era impossível em termos de sobrevivência e as mulheres trabalhavam fora de casa. Do ponto de vista dos direitos, elas eram muitas vezes colocadas ao lado dos insanos, das crianças e dos criminosos, já que a maior parte dos novos códigos não lhes davam direitos alguns. Até o início do século XIX, aquelas que lutaram por direitos iguais foram marginalizadas. Na verdade, no século XIX existiam duas grandes correntes dentro do feminismo: a linha igualitarista (que era a favor da igualdade entre homens e mulheres) e a dualista (que valorizava a diferença da contribuição feminina) (PINSKY; PEDRO, 2003, p. 287).

Logo, a luta das mulheres por cidadania não foi uma luta que uniu todas as mulheres em uma mesma causa, em todos os momentos. Na verdade, aquelas pertencentes à burguesia lutavam mais por direitos políticos e as pertencentes às classes trabalhadoras, por direitos trabalhistas. É por isso que, durante muito tempo, o que existiu não foi o feminismo enquanto um movimento que luta pela alteração das relações entre homens e mulheres, mas, sim, movimentos de mulheres. Ou seja, as ideias e as práticas feministas nunca foram homogêneas; nem no Brasil, nem em outros países. O feminismo no Brasil também teve uma luta difícil e foi somente a partir de 1988 que as mulheres e os homens no Brasil passaram a ser considerados como juridicamente iguais.
Para termos uma noção do quanto houve uma evolução da questão legal da mulher no Brasil basta analisarmos as leis então vigente em 1916 quando passou a vigorar o primeiro Código Civil da República. Ele subordinava a mulher ao homem, tanto é que, depois de casada, ela deveria pedir autorização do marido para: a) trabalhar; b) realizar transações financeiras; c) fixar residência. Por este Código a não-virgindade da mulher era motivo para a anulação do casamento e a filha que mantivesse relações sexuais antes do matrimônio poderia ser deserdada.
Foi só no final do século XX que as mulheres passaram a ser consideradas de forma mais igualitária. “A Constituição de 1988 finalmente igualou os direitos civis das mulheres aos dos homens, tanto na vida pública como na privada. Com respeito à família, a nova Constituição determinou que ‘homens e mulheres têm os mesmos direitos na sociedade conjugal’. O mesmo artigo 226, parágrafos 3o e 4o, alterou o próprio conceito de família, determinando que, ‘para efeito de proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento’ e ‘entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes’. Assim o Brasil tornou-se o país com uma das mais tolerantes legislações sobre família, com a democratização dos direitos e deveres e com o reconhecimento dos filhos nascidos fora do casamento legal. Sempre que o exame de DNA comprovar a filiação, essa se dará mesmo contra a vontade do pai, que terá então de arcar com suas responsabilidades”. MORAES, Maria Lygia Quartim de. Cidadania no feminino. In: PINSKY, Jaime; PINSKY, Carla B. (Orgs.) História da cidadania. 4. ed. 2a reimp. São Paulo: Contexto, 2008, p. 504. <www.editoracontexto.com.br>

Apesar do avanço na legislação, na prática a mulher ainda sofre muito como vítima da violência. O número de mulheres assassinadas por crime de gênero em 2019 aumentou 7,3% em relação a 2018, o que totaliza em 1314 casos de feminicídio no Brasil no ano passado. Dados levantados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontam que houve um aumento de 22% nos registros de casos de feminicídio no Brasil durante a pandemia do novo coronavírus. Os números correspondem aos meses de março e abril e foram comparados com o mesmo período do ano passado. O número passou de 117, em 2019, para 143 mortes neste ano - Veja mais em https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2020/06/01/numero-de-casos-de-feminicidio-no-brasil-cresce-22-durante-a-pandemia.htm


Questões:
1 – Quais foram, no século XIX, as duas grandes correntes do movimento feminista? Explique usando o texto.
2 – Quando, no Brasil as mulheres passaram a ter os mesmos direitos dos homens? Na prática a Constituição é respeitada?
3 – Dê sua opinião sobre o feminicídio no Brasil. Como fazer para acabar com a violência de gênero (contra a mulher) em nosso país?