domingo, 12 de julho de 2020

Atividade de Sociologia 1ºano - Etnocentrismo e Relativismo Culural.



             
E.E.Dr. Domingos de Magalhães.


Etnocentrismo e relativismo cultural.

O homem é um ser cultural, neste texto vamos abordar duas posturas: a do etnocentrismo e a do relativismo cultural. O primeiro refere-se a uma postura que temos e que deve ser evitada e o segundo, uma postura metodológica sugerida quando alguém quer olhar outro povo ou grupo diferente do seu e compreendê-lo.

Etnocentrismo.
etno = é uma palavra grega que significa povo.
centr = vem de centro.
ismo = sufixo que designa prática de algo.
Etnocentrismo é a postura segundo a qual você avalia os outros povos a partir de sua própria cultura.

Nesse sentido, todos nós somos etnocêntricos. Uns mais e outros menos. O problema do etnocentrismo é que ele não nos permite compreender como os outros pensam, já que de antemão eu julgo os outros conforme os meus padrões, de acordo com os valores e ideias partilhados pela minha cultura. E isso é um problema quando se quer compreender o outro, quando se quer pensar sociologicamente. Logo, o etnocentrismo é uma postura que devemos evitar. Mas como evitar os próprios valores? Como evitar nossa maneira de agir, pensar e sentir?
Na Antropologia há um recurso metodológico para isso e ele tem a ver com uma atitude mental que os pesquisadores adotam diante do que é diferente:
O antropólogo deve tornar exótico o que é familiar e tornar familiar o que é exótico.que é diferente. Ou seja, é preciso assumir uma postura de  distanciamento ou afastamento diante de seu modo de pensar, agir e sentir. Ela está ligada ao estranhamento. É tentar se colocar no lugar do outro e compreender como ele pensa. Isso é o relativismo cultural.

O relativismo cultural é a postura segundo a qual você procura relativizar sua
maneira de agir, pensar e sentir e assim se colocar no lugar do outro. “Relativizar” significa que você estabelece uma espécie de afastamento, distanciamento ou estranhamento diante de seus valores, para conseguir compreender a lógica dos valores do outro.

Um importante antropólogo chamado Claude Lévi-Strauss pode ajudá-lo nesta discussão sobre o etnocentrismo. Em um artigo que escreveu em 1952 para a Unesco, ele disse que a interpretação e a visão da diversidade se faz em função da própria cultura, e para essa discussão ele usa como metáfora
explicativa o trem e o andar do cavalo no jogo de xadrez (LÉVI-STRAUSS, 1980). Ele comparou as culturas com os trens, para falar do etnocentrismo, e, ainda, o desenvolvimento das culturas com o andar do cavalo no jogo de xadrez.
Claude Lévi-Strauss é um dos mais importantes antropólogos do século XX. Ainda jovem, em 1934, veio ao Brasil e ajudou a fundar a Universidade de São Paulo (USP). Ele fez pesquisas em Mato Grosso com os índios Bororo e Kadiwéu, entre outros. Quatro anos depois, foi embora do nosso país e desenvolveu, posteriormente, uma das mais importantes correntes da Antropologia: o estruturalismo. Em 1952, a pedido da Unesco, ele escreveu um artigo chamado Raça e história, em que criticava a ideia de raça e o etnocentrismo entre os povos, além de outros pontos. Para falar sobre a ideia de que existiriam culturas que não se moveriam ou se transformariam e o etnocentrismo, ele deu o exemplo do viajante do trem: imaginem que cada cultura é um trem e nós somos os passageiros. Nós olhamos o mundo a partir do nosso trem. Mas os trens caminham em direções opostas, em diferentes velocidades. Um viajante verá de modo diverso um trem que vai ao sentido contrário, um trem que ultrapassa o seu ou outro que caminha em uma outra direção. Qual é o trem que nós podemos olhar melhor? Aquele que caminha na mesma direção que o nosso e na mesma velocidade, ou seja, de forma
paralela.
Mas, se cada trem é uma cultura, sabemos que as culturas não caminham todas na mesma direção e nem na mesma velocidade. Umas caminham mais rápido, outras caminham em direções quase opostas. As culturas possuem formas diferentes de observar o mundo. Cada uma tem o seu caminho, a sua direção e a sua velocidade. Se uma nos parece parada, isso ocorre porque não conseguimos compreender o sentido do seu desenvolvimento.
É aquela que caminha paralela à nossa que nos permite a melhor observação, e que nos fornece a autoidentificação. Mas quem é que pode dizer qual é a melhor direção? O caminho mais avançado?
Será que o que parece parado para nós está realmente parado? Como saber?
Na verdade, com isso ele quis dizer que é muito difícil para alguém de uma determinada cultura querer avaliar alguém de outra cultura. Pois, já que a minha cultura é como um trem, muitas vezes não consigo enxergar e compreender o que se passa nos outros trens (nas outras culturas). Isso ocorre porque as culturas não têm todas elas as mesmas preocupações e nem os mesmos objetivos.
É mais fácil entender a cultura que mais se parece com a nossa, ou seja, aquela que anda de forma paralela à nossa, partilhando os mesmos interesses e a mesma direção. Mas, como as culturas são diferentes, se muitas vezes não conseguimos compreender uma delas, não é porque ela esteja parada, ou errada, e sim, porque a direção que ela toma muitas vezes não faz sentido segundo a nossa lógica de raciocínio.
Lévi-Strauss diz, ainda, que as culturas se desenvolvem como anda o cavalo no jogo de xadrez. No jogo de xadrez cada peça caminha de uma maneira: a torre em linha reta, o bispo na diagonal e o cavalo em L, ou seja, aos saltos. Logo, se as culturas andam em L ou aos saltos, elas não andam todas em linha reta, nem seguem todas a mesma direção. Cada uma segue um sentido e uma linha de raciocínio que lhe é própria. É equivocado considerar errada e pouco evoluída a cultura que segue uma direção diferente da nossa, como se todas devessem seguir a mesma direção, como se todas devessem andar da mesma forma. Cada cultura tem seus interesses próprios e, assim, um ritmo, velocidade e direção de desenvolvimento que são seus. Não andam, ou se desenvolvem, em linha reta.

 O que é mais importante? Para um pigmeu, mais importante do que saber quem descobriu o Brasil, ou quais sãos os tipos de clima do mundo, é saber quais plantas são comestíveis e quais são venenosas, quais podem ser usadas como remédio e quais não podem. Para um brasileiro que almeja se tornar advogado, mais importante é adquirir os conhecimentos necessários para entrar na faculdade. Conhecer quais são as plantas venenosas numa floresta pode não lhe ser de muita utilidade. Logo, o que é importante saber, varia de um ponto para outro.

Pigmeu: Homem que pertence a uma etnia da África Central e que possui baixa estatura. Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola.

Questões da atividade:
1 - O que é etnocentrismo?
2 - O que é relativismo cultural?
3 – Porque devemos evitar o etnocentrismo?
4 – Quem foi Claude Lévi-Strauss?
5 – que exemplo, qual comparação Lévi-Strauss utiliza para falar em cultura?

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